08/03/2016

O azeite brasileiro e a maior safra da história do país

A safra brasileira de olivas deste ano teve início nas Serras da Mantiqueira e Bocaina por volta do fim de janeiro, início de fevereiro, de acordo com as distintas altitudes e dos micro terroirs e, desde o fim de fevereiro se estendeu ao sul do país.
Embora ambas regiões tenham sofrido fenômenos climáticos indesejados durante a floração, as previsões são otimistas e prevê-se a maior safra da história do país, desde o início da extração oficial do primeiro azeite brasileiro em fevereiro de 2008.   Estimam-se cerca de 22.000 litros no sudeste (Minas e São Paulo) e 30.000 apenas no Rio Grande do Sul, o que levará a produção nacional a romper a barreira dos 50.000 litros pela primeira vez.

Recém chegado da festa de Abertura Oficial da Colheita da Oliva 2016 em Barra do Ribeiro/RS, os números falam por si só:

No Rio Grande do Sul, principal estado produtor, são 1500 hectares cultivados, 180 produtores e 11 marcas registradas.  Não há dados precisos sobre a produção em Santa Catarina e Paraná, mas incipientes extrações já estão sendo realizadas em ambos os estados.  
Nas Serras da Mantiqueira e Bocaina, onde o sul de Minas namora com o estado de São Paulo, igualmente 1500 hectares são cultivados em 71 municípios (50 em MG; 21 em SP) por 100 produtores e não há levantamento preciso sobre o número de marcas, segundo dados da ASSOLIVE (Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira).

Das variedades cultivadas por aqui, a espanhola arbequina reina com 70% da área de plantio, em seguida a célebre grega koroneiki (cerca de 10%).  O restante do cultivo é dividido entre arbosana, grappolo, manzanilla, maria da fé e novos experimentos já dão resultados com picual, coratina, galega e outras.   A grande surpresa será o resultado do mapeamento genético das oliveiras centenárias encontradas em distintas regiões do Rio Grande do Sul, que podem possuir características autóctones em sua reprodução, o que multiplicará o potencial de nosso país como produtor.

O fato é que, as máquinas extratoras, que agora chegam a mais de duas dezenas no país, estão moendo as olivas brasileiras e dos seus lagares estão saindo azeites verdes e maduros com aromas das mais distintas intensidades e complexidades.   A pouca experiência do setor ainda nos traz muitos azeites defeituosos, é verdade, mas na busca pelo bom extra virgem as lições extraídas neste curto caminho já nos dão excelentes resultados.   Com o cuidado no campo, na colheita e no  manuseio correto  dos frutos e domínio das extratoras, bem como na conservação do óleo, já temos a oportunidade de produzir muita qualidade e somos reconhecidos internacionalmente desde o ano passado, quando pudemos apresentar cinco rótulos (Olivas do Sul, Prosperato, Ouro de Santana, Olivais da Bocaina e Oliq)  no V Salão Internacional do Azeite Extra Virgem em Jaén, na Espanha.
É absolutamente fascinante!

Da combinação da natureza com o trabalho e sabedoria do ser humano, podemos extrair a seiva de todas as seivas.  Nos virtuosos aromas e sabores encontrados nos bons azeites brasileiros temos a tradução de um grande esforço junto às bençãos de nosso generoso clima.  Notas sensoriais que nos falam à alma e ao corpo, enriquecem nossa dieta e fazem-nos perceber que da oliveira, para além de seus milagrosos frutos, extraímos muitas outras lições.  Sigamos adiante, um lindo caminho está sendo pavimentado e a consolidação de nosso conhecimento não se dará sem a continuidade dos esforços empreendidos e da união de forças!

Avante Brasil!

 Olivais em Barra do Ribeiro/RS

 Olivais na Serra da Mantiqueira (divisa de Minas e São Paulo)

Prosperato, uma das importantes marcas gaúchas

 Oliq, uma das importantes marcas da Mantiqueira