O
final de ano atribulado me impediu de dar regularidade as minhas postagens... o
tempo não pede licença e como a palavra não pode medi-lo, muitas vezes pensei
em comê-lo. Seria uma maneira de senti-lo passar, saboreando-o com o
ritmo que decido e curiosamente palavras sem medidas me chegam.
Passei o Natal em São Paulo e em visita a livrarias comprei "A POESIA É PARA SE COMER" da pesquisadora portuguesa Ana Vidal.
Passei o Natal em São Paulo e em visita a livrarias comprei "A POESIA É PARA SE COMER" da pesquisadora portuguesa Ana Vidal.
Após
devorar muitas das poesias ali compiladas, percebi, em minhas tentativas como
domador de palavras, o quanto o azeite me inspira.
Há
algum tempo a constante percepção sensorial dos azeites que degusto parecem me
contar uma história com versos ritmados que insinuam todas as nuances
aromáticas que minh'alma necessita.
Memórias
de um tempo em que eu voava e não o tempo, onde sem pressa, cultuava o prazer
de comer pelo mundo olhando tudo com a sede imensa de uma vida pela frente,
para sorvê-la por inteiro.
Assim,
decidi iniciar minhas postagens em 2012 com palavras azeitadas para que o
pensamento livre as aromatize e a emoção as deguste.
Como
o azeite, a palavra purifica, limpa, cura, aromatiza, tempera, lubrifica,
ilumina, aquece, protege, unge, benze...
Como
a palavra, o azeite, seduz, inspira, propicia o amor, encontros, diálogos,
prosperidade, conta uma história, sela a paz...
Não
há maior prazer do que encontrar algo novo em cada gota da vida sorvida em
azeites.
Como
Ana Vidal na introdução de seu maravilhoso livro, encerro com um Parágrafo dos Estatutos do Homem do poeta Thiago de
Melo, escrito em Santiago do Chile em 1964:
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura das
palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.
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