Todo esse tempo sem escrever deveu-se a um
único motivo, minha preparação pessoal para uma viagem há muito tempo
objetivada para um curso de degustador
profissional com a chancela de um organismo internacional filiado ao Conselho
Oleícola Internacional e foi a Espanha quem me acolheu na região de maior
produção mundial, a Andaluzia.
A convite da especialista no assunto,
Sra. Brígida Jimenez, diretora do IFAPA (Instituto
de Investigación y Formación Agraria y Pesquera)
embarquei para Madrid no último dia 24 de maio em companhia de minha amada
amiga Maria Elisa Berredo, escritora e roteirista de incomparável talento e
sensibilidade, responsável pela inclusão do azeite na trama da última novela das
21hs da Rede Globo de Televisão, Fina Estampa.
Após um curto final de semana na capital
espanhola para iniciar minha adaptação ao horário, clima, aromas e sabores
deste maravilhoso e diversificado país, iniciamos nossa viagem a bordo de um pequeno e confortável VW Golf, cruzando os
infindáveis olivais do interior da Espanha, iniciando pela província de Toledo,
cruzando a região de Castilla y La Mancha, até chegar a Cabra, zona rural da
província de Córdoba, cenário perfeito para o curso de 28 horas em 4 dias,
mergulhado entre as oliveiras, em plena primavera ibérica, quando as flores
dessa sábia árvore desabrocham em plenitude...
No clima seco e árido, a monocultura olivareira
pontilha as montanhas e planícies de um verde prata inigualável, fazendo da
paisagem andaluza um retrato significativo da produção mundial que demanda cada
vez mais desse produto agrícola tão valioso.
A experiência foi incomparável... não há
outra maneira de sedimentar meu conhecimento que não seja aprofundando minhas
percepções sensoriais para poder construir um discernimento com referências de valor reconhecidas por experts com longa
vivência e cultura. E assim foi...
Três seções de 5 rótulos por dia, totalizaram
60 degustações, com reconhecimento de atributos positivos e defeitos que reiteraram
e ampliaram meu conhecimento, tornando-me mais apto a transmitir o
verdadeiro valor de um extra virgem, ainda muito pouco conhecido em nosso
país.
A produção e valorização de azeites
extra-virgens encontra-se em uma novíssima etapa não só no Brasil, mas também
nas principais regiões produtoras e consumidoras do mundo. A Espanha, maior produtor mundial com
1.200.000 toneladas (dados aproximados) está atualmente empenhada em melhorar a
qualidade de sua produção, através de intensa campanha educacional junto aos
produtores, conscientizando-os sobre a importância de todos os processos que
influenciam nas percepções sensoriais do produto final. O panorama espanhol se transforma com relativa
velocidade, quando azeites artesanais de origem ingressam no mercado e o
próprio consumidor inicia a fazer seu discernimento, conhecendo os
produtos, suas variedades e seu correto uso.
O Brasil também segue rumo próprio. Inicia
orgulhosamente a produzir no sul e sudeste do país e seu consumo será
regularizado com a primeira instrução normativa
que entrará em vigor no segundo semestre deste ano. Produtos de qualidade aos poucos entram em nosso
mercado e, com este conhecimento, poderemos fazer nossas próprias escolhas.
Minha paixão pelo assunto me conduzirá,
comercialmente isento, a colaborar na descoberta desse vasto e fascinante mundo
e termino essa postagem com a sabedoria de um verso do poeta espanhol Antonio Machado, “...caminante, no hay camino, se hace camino al andar. Al andar se hace camino y al volver la vista atrás se ve la senda que nunca se ha de volver a pisar. Caminante, no hay camino, sino estelas en la mar."
Maria Elisa Berredo
Azeites de qualidade
Aprendendo...
A paisagem andaluza
Minha mestra Brígida Jimenez
Marcelo, simplesmente sensacional! Que possamos entender a importância do azeite, seja por paladar gastronômico apurado, seja por cuidados com a saúde, pois um mundo que sabe diferenciar coca-cola de pepsi não pode ficar à margem desse tipo de conhecimento. É necessário conhecer o que colocamos para dentro do nosso organismo porque Azeite é vida, óleo não! Buscamos qualidade em tanta coisa, mas quando se trata de azeite não sabemos absolutamente nada. Mudemos nossos conceitos! O paladar e o coração agradecem!
ResponderExcluirMuito bem escrito Luana... sabe-se diferenciar Coca-Cola de Pepsi e não azeites bons de ruins, pois nunca se aprendeu a fazer isso. Essa é a hora! Azeites extra-virgens tem propriedades nutricionais únicas e em sua composição existem vitaminas e fenóis que agem de múltiplas maneiras em nosso organismo beneficiando-o, sendo um poderoso preventivo contra várias doenças. Não há o que discutir... é um alimento ancestral e além disso agrega sabores e aromas inusitados.
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