Em dias de reflexão sobre o meio ambiente, quando a nossa cidade é mais uma vez sede da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, vale citar algumas ações pontuais por parte da sociedade civil que visam a transformação das circunstâncias que ora testemunhamos, quando a degradação do meio em que vivemos se evidencia a cada dia, mediante um nível de consumo que não se sustentará nos próximos anos.
Como membro do Instituto Maniva, uma OSCIP formada por Ecochefs que utilizam a gastronomia como instrumento de transformação socioambiental, tornou-se ainda mais enfático em minha vida profissional os debates sobre o consumo consciente e a importância da produção agrícola saudável.
Em meus estudos sobre azeites, procuro ressaltar o caráter sensorial desse precioso ingrediente, presente apenas naqueles que são produzidos cuidadosa e criteriosamente, pois costumo dizer que a azeitona é a expressão máxima da essência de um terroir, aliada à dedicação e amor daquele que a produz, sendo o azeite extra virgem a sua tradução.
Desta forma, nada mais adequado do que associar esse óleo sagrado, alimento ancestral da humanidade aos acordos que as Nações estão se esforçando para assinar em conjunto e que, nós cariocas e brasileiros estamos testemunhando in loco, como uma oportunidade única de sermos os protagonistas de ações históricas que mudarão definitivamente o panorama do consumo para as futuras gerações.
Com isso em mente, no próximo dia 24 de junho, os Ecochefs Maniva promoverão o Banquete na Roça, no distrito de Amparo em Nova Friburgo, região devastada pelas chuvas em janeiro de 2011, quando cerca de 780 famílias rurais perderam tudo.
“Frente a esta realidade,
mostra-se fundamental o conhecimento e a participação civil na reconstrução
deste belíssimo patrimônio, principalmente pelo fato de o Rio de Janeiro ser o
seu maior mercado consumidor”, afirma o Ecochef Joca Mesquita.
O projeto pretende mapear os produtores da Região
Serrana, seus produtos e sazonalidades. Segundo a presidente do
Maniva, a Ecochef Teresa Corção, "a ideia do evento é estimular a venda de
alimentos orgânicos, melhorar a qualidade de vida e o bem-estar dos
agricultores familiares e dos consumidores".
O Banquete acontecerá no sítio Flor de Nova Friburgo em parceria com o Grupo de Orgânicos da Serra. O produtor Flavio Jandre e sua família, proprietários do sítio, estão motivados com a ação. Ele acredita que esse movimento difundirá a agricultura orgânica ao mostrar que é possível viver da própria produção. "Queremos que mais pessoas se interessem pela produção orgânica e valorizem o nosso trabalho" - afirma.
Como não poderia deixar de ser, como Ecochef especialista em azeites, terei a honra de apresentar aos convidados do banquete o primeiro azeite paulista 100% brasileiro, produzido na Fazenda Ronco D'Água no município de Silveiras, fruto da corajosa iniciativa de dois empreendedores, Aníbal Cury e Dominique Pierre Faga.
Um jovem olival, localizado a 1.200 mts de altitude e 237 km da cidade do Rio de Janeiro produziu o azeite da Serra da Bocaina, cuja variedade arbequina apresenta um frutado leve e um frescor únicos, conferindo-lhe personalidade e possuindo todo o potencial para se desenvolver como um bom azeite gourmet.
Um jovem olival, localizado a 1.200 mts de altitude e 237 km da cidade do Rio de Janeiro produziu o azeite da Serra da Bocaina, cuja variedade arbequina apresenta um frutado leve e um frescor únicos, conferindo-lhe personalidade e possuindo todo o potencial para se desenvolver como um bom azeite gourmet.
A origem dos alimentos precisa ser repensada, cuidada, pois dela depende o nosso futuro. Os debates que nesse momento ocorrem não devem cessar no dia 24. Independentemente das decisões políticas, precisamos agir para conscientizar um número cada vez maior de pessoas sobre a interdependência entre todos os seres, como a bela metáfora da rede de Indra que explica a interligação da vida.
"Consta que o palácio do deus Shakra Devanan Indra, que representa o poder da natureza, é coberto por enorme rede ornamentada com incontáveis gemas que cintilam em muitas cores diferentes. Não há nenhuma pedra no centro da rede; cada uma delas fica igualmente no centro do todo. E cada gema reflete as outras gemas, fazendo-as brilhar com todo esplendor e criando um mundo magnífico e perfeitamente harmonioso".
Assim somos nós, cada um como um nó numa teia infinita de relações mútuas.
Os Ecochefs Teresa Corção, Ana Ribeiro, Joca Mesquita e eu
A Fazenda Ronco D'Água e seu jovem olival
O primeiro azeite paulista 100% brasileiro
A Rede de Indra
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