Foi na tarde do dia 29 de outubro último que aconteceu
um marcante evento em um dos botecos mais premiados do Rio de Janeiro, o
ENCHENDO LINGUIÇA.
Promovido pela VILA DE AROUCA e por sugestão da ESTILO
GOURMET, foram apresentados cinco extra virgens portugueses legítimos harmonizados
com tradicionais petiscos do menu do famoso botequim, em sua recém inaugurada
filial da Lapa.
A comida com que nos divertimos e que tanto caracteriza
nosso estilo de vida teve finalmente o merecido acabamento com premiados
azeites, que agora chegam ao mercado brasileiro e que, seguramente, nos farão abandonar as tradicionais latinhas engorduradas de azeites de oliva (não extra
virgens), cuja utilização deve ser única e exclusivamente a culinária.
Levei um certo tempo para escrever sobre o evento. O ofício da dissertação gastronômica nem
sempre é simples de ser feito, envolve emoções que precisam ser amadurecidas
para serem descritas, principalmente quando proporcionam sensações tão novas.
O fato é que ali, naquele fim de tarde, mais uma
experiência se somou ao caminho que decidi percorrer ao estudar o precioso “fio
de ouro”. Ao descobrir tanta riqueza,
tornou-se uma missão transmitir esse ancestral conhecimento ao maior número de
pessoas possível, pois ainda que azeites sejam comercializados no Brasil desde
o início do século XX, nunca recebemos produtos de qualidade.
Ouso dizer que o momento que vivemos é de
reintrodução desse “novo” ingrediente em nossa culinária e, a cada vez que me
aprofundo nos estudos e nas pesquisas que realizo, mais me convenço do quanto
essa diversidade pode se somar às tradições da gastronomia brasileira.
Com uma viagem marcada em novembro para o sul da
Espanha, decidi afinal redigir essas palavras, na região da Andaluzia, onde me
encontro para participar do I Congresso Internacional de Análise Sensorial, que
ocorrerá na cidade de Priego de Córdoba entre os dias 26 e 28 de novembro
próximos e, no momento, acompanho as colheitas que se iniciaram no princípio deste
mês com a produção dos azeites novos.
É sem dúvida um novo alvorecer... das tradicionais
latas de azeites de oliva, com sabores planos e poucos aromas, para extra virgens legítimos com um frescor
distinto, herbáceo e frutado que nos remete à sensações nunca experimentadas em
nossos pratos.
Variedades infinitas, delicadezas distintas e aromas
evidentes... Nada do que estamos experimentando agora, com os novos produtos
que chegam as prateleiras nos remete à nossa infância vivida neste belo país
tropical, quando tínhamos à disposição apenas os azeites de oliva ou óleo
compostos, com sabores planos e nenhuma nuance.
Entre as experiências vividas naquele evento na Lapa
há três semanas e o que tenho testemunhado aqui desde que cheguei, resta a
convicção de que, para além dos prazeres sensoriais e dos valores nutricionais
que os bons extra virgens nos portam, multiplicar-se-ão infinitamente as
possibilidades de enriquecer ainda mais nossa cultura e memória, principalmente
quando sabemos que o país atreve-se ao desafio de produzir este rico
ingrediente.
É um mundo a parte...
espanhóis, portugueses, italianos, gregos, chilenos, argentinos,
uruguaios, turcos, australianos, libaneses, brasileiros, este nobre óleo está
sendo produzido nos mais diversos países, ultrapassando as costas do
Mediterrâneo, cada um com sua variedade de aroma, sabor e riqueza
nutricional. Estamos aprendendo a
usá-lo... pouco a pouco as informações a respeito são divulgadas e vamos
percorrer nosso próprio caminho e, estejam certos, é muito mais saboroso do que
podemos imaginar.
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