Ontem se encerraram as Olimpíadas Rio 2016 e, em recente artigo no site Olive Oil Times (http://www.oliveoiltimes.com/olive-oil-basics/olive-branch-extends-rio/52385), Wendy Logan, colunista associada, cita a importância do azeite de oliva durante os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, não só pela sua inclusão em toda a alimentação na Vila dos Atletas, por seu incomparável valor nutricional, como também pelo crescente papel do Brasil como o quarto maior importador mundial do produto. A presença dos ramos vindos da monumental e milenar oliveira de Vouves na Grécia para a premiação de algumas provas e o desenho de suas folhas como principal elemento de design nas medalhas olímpicas da Rio 2016 reitera a importância cultural desta árvore como símbolo de paz e unidade entre os povos e reforça o significado do azeite como expressão do sagrado.
As relações históricas de Brasil com Portugal, de fato, sempre nos fizeram "familiarizados" a esse alimento, incluído em algumas preparações tradicionais da nossa dieta de origem portuguesa, onde sem o uso do azeite de oliva, estas não existiriam. No entanto, dados curiosos informam que, até o ano de 2007, o consumo per capta do brasileiro não excedia a 0,1 l ao ano, quando a média mundial era de 0,4 l. País tradicionalmente sojicultor, o uso de óleo de sementes, por seu baixo custo de produção, sempre foi muito bem disseminado, criando-se mitos sobre o uso do azeite, com a difusão de informações equivocadas, que o excluiu de métodos de cocção, quando, comprovadamente, é o mais saudável dentre todas as gorduras vegetais.
O fato é que no ano de 2015, o Brasil importou cerca de 80 mil toneladas de azeite, elevando o consumo para 0,4 l per capita/ano e, além disso, está prestes a tornar-se um país oficialmente produtor.
As regiões sul e sudeste do país foram responsáveis pela produção de 53 toneladas, correspondente a uma ínfima parte do consumo, mas cujo potencial é exponencial e promissor, tanto em qualidade quanto em quantidade.
Encontro-me hoje na cidade de Santana do Livramento, oeste do Rio Grande do Sul, fronteira com o Uruguai, onde se iniciou o III Festival Binacional Enogastrômico, do qual participarei como azeitólogo palestrante, a convite da OLIVOPAMPA. Nos últimos dias 19 e 20, em Porto Alegre, com o apoio da Superintendência do Ministério da Agrigultura/RS, da UFCSPA (Universidade de Ciências da Saúde de Porto Alegre), da UNISINOS e da ESTILO GOURMET, foi realizado um curso de Introdução de Análise Sensorial de Azeites, que reuniu 30 participantes, entre funcionários do MAPA, professores, pesquisadores, alunos das universidades e olivicultores do Rio Grande do Sul, no qual tive a oportunidade de compartilhar o conhecimento que venho adquirindo em minha formação na Espanha nos últimos anos e toda a experiência de docência e vivência sobre azeites nas principais áreas produtoras do mundo.
O crescente interesse sobre azeite é proporcional não só ao incremento de seu consumo e produção, mas sobretudo, acompanha a comprovação das pesquisas realizadas nos últimos anos que confirmam sua importância como o mais completo alimento funcional a nossa disposição, por sua composição em gordura monoinsaturada e concentração de antioxidantes.
Seus aspectos sensoriais, os quais estudo profundamente, estão relacionados à presença de importantes bioativos e reconhecê-los pelos sentidos torna-nos aptos para a escolha correta do produto para o uso que desejamos. A difusão desse conhecimento é imprescindível!
Dos Jogos na Antiguidade à Rio 2016, da cocção à finalização, azeitar foi, é e sempre será preciso!
Olimpíadas Rio 2016
Atletas coroados com ramos de oliveiras durastes os Jogos Rio 2016
O curso de análise sensorial na Superintendência do Ministério da Agricultura em Porto Alegre.
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